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Guy Jaouen - Os jogos de Paus com pequenos Paus e com Bolas no Mundo

Guy Jaouen - Os jogos de Paus com pequenos Paus e com Bolas no Mundo

Os jogos de Paus com pequenos Paus e com Bolas no Mundo

Universalidade dos jogos e Ludodiversidade

 

Guy JAOUEN,
Pesquisador em antropologia cultural
Tradução Norberto Gonçalves

O pequeno estudo que se apresenta neste artigo é resultado de vários anos de recolha tomando por tema jogos de paus muito simples que todos os estudantes conheciam antes do advento da televisão e dos jogos electrónicos. Não se trata portanto de jogos ensinados nas escolas, mas antes de jogos inventados por adolescentes que, em alguns casos são hoje praticados como desportos. Quando nós praticávamos estas actividades, nos anos sessenta do século passado, na Bretanha, já elas estavam relegadas para o estatuto de “relíquias” no imaginário popular. São jogos em que o gesto técnico principal consiste em utilizar um pau para lançar o mais longe possível um outro pequeno pau ou uma bola. Em alguns casos os participantes jogam individualmente, isto é, o desafio é contra si mesmo. O adversário é a natureza e o jogo um desafio de agilidade e de rapidez. Noutros casos assume contornos de jogo de equipa, introduzindo diferentes estratégias em que os adversários estão em situação de contrariar a acção que consiste em lançar o mais longe possível o pequeno pau ou a bola. No que respeita ao espaço de jogo, pudemos constatar que os jogadores escolhiam aquele que encontrassem livre: um terreno plano, uma estrada, um campo livre, um caminho. Foi a introdução das regras de mercado no desporto moderno que conduziu à imposição de normas generalizadas para os espaços.

Durante muito tempo cortar um ramo de árvore ou talhar um pedaço de madeira seca, foram gestos tão naturais como comer com uma colher de madeira. Aliás, o pau era um símbolo de poder, mesmo para um jovem pastor que guardasse o seu rebanho. Era, por exemplo, o cajado que, pela utilização da mão, mostrava a superioridade do homem sobre o animal permitindo-lhe guardar o rebanho. Por outro lado, permitia-lhe também defender-se de outros animais ou de outros homens. Talhar um bom cajado era, não há muitos anos, uma actividade recorrente para um habitante do campo. O utensílio cajado era utilizado para caminhar, para limpar certos terrenos de algum lixo, para se constituir como objecto decorativo, para afastar pedras que incomodassem e também para bater em pedras ou noutro pau (O pau foi, e é ainda, utilizado para fazer cair os pinos) … Daí resultou uma família de jogos que se impôs um pouco por todo o mundo. A lista, enumerando cerca de cento e cinquenta jogos mito similares, demonstra, mais que qualquer discurso, o que chamamos a Universalidade do jogo, já que não é possível imaginar uma filiação cultural entre eles.

Esta família de jogos encontra-se por toda a parte, estejamos nós na China, no Irão, na Etiópia, na Rússia, na Hungria ou em França. Aliás, é muito provável, como o demonstra o grande número de variantes encontradas em alguns países que conhecemos melhor (França, Grã-Bretanha, Polónia, Itália, Dinamarca), que muitas outras modalidades tenham existido noutros países. Todavia, e apesar de numerosas semelhanças, estes jogos são portadores de uma marca cultural diferente, seja no material utilizado, seja nas regras. São criações de uma cultura e fruto de uma história particular, expressão de uma forma original de comunicação com os outros. Podem ter o mesmo nome e regras diferentes ou nomes diferentes e regras quase idênticas. Uma das particularidades de alguns jogos é a utilização de pequenas bolas, já que, na Islândia por exemplo, é mais fácil encontrar um pequeno osso de baleia ou uma pedra vulcânica arredondada do que um ramo de árvore. Assim, as bolas apareceram muito cedo, feitas a partir de um caroço de um fruto, de uma pedra, ou de um osso que, em seguida eram envoltos em tecido, de pelo de crinas de animais ou de ervas que, depois, eram coladas com resina ou com cola retirada do peixe. Por fim, observe que o método usado para obter essas informações distorce o quadro geral do estudo porque todos os documentos existentes sobre essas práticas não estão disponíveis na Europa, ou em línguas que não são bem conhecidas, ou que essas práticas nunca foram descritas em documentos.

Os jogos desta lista apresentam diferentes patamares de sofisticação: individual simples; por equipa simples; por equipa com defensores; por equipa com defensores e bases; o conjunto com pequenos paus ou com bolas. Não têm, portanto, a mesma complexidade de regras ou de materiais, uma vez que tal dependia do local de habitação dos jogadores, do seu meio cultural, do número de praticantes que era possível reunir após a escola, por exemplo, do conhecimento ou não de um jogo semelhante a partir do qual se inventasse um novo jogo, etc… Podemos constatar que a envolvente do local de habitação fornece parte, se não mesmo todo, o material para reutilizar necessário que, de seguida, os adolescentes utilizarão nos seus jogos. Como no meio urbano existem mais “relíquias” para reutilizar nos jogos do que num lugar isolado no campo, as maneiras de inventar serão diferentes, mais ligadas à imaginação em meio urbano, mais ligadas à destreza manual no meio rural. Acresce que os filhos dos camponeses têm, regra geral, menos tempo livre do que os jovens que habitam no meio urbano dos séculos XVIII e XIX. Os trabalhos do campo são gulosos de mão-de-obra e no meio urbano podem reunir-se mais participantes. Podemos ainda considerar que, se os jogadores conhecessem já jogos semelhantes, ser-lhes-ia mais fácil inventar novas regras, por um sistema de transferência ou de empréstimo.

Se nos detivermos no exemplo da Inglaterra, estas considerações fazem parte dos elementos que levaram a que alguns jogos continuassem individuais, que outros tenham evoluído para jogos de equipa e que outros ainda se tenham tornado mais complexos, quer em regras, quer nos materiais utilizados. Foi o que se passou com as bolas e com os paus com que essas bolas eram batidas. Uma forma côncava nos paus permite elevar a bola ao mesmo tempo que se controla a sua trajectória. Um pequeno arranjo, colocando o pauzinho sobre dois tijolos, transforma este conjunto num guichet de Cricket, etc. A introdução da bola implica uma melhor adaptação à mão e conduz a uma melhor mestria dos jogadores que, assim, podem fazer passes entre si, sem risco de lesões, o que se registava frequentemente como pauzinho. Este progresso técnico abriu, a pouco e pouco, a porta a outros. Modificações técnicas permitiram que a bola respondesse melhor à força do batimento com o pau, logo que ela percorresse uma maior distância, dando tempo suplementar para que se pudessem executar outras figuras. Isto conduziria ao Palant, ao Runbold, à Théque, ao Basebol, por entre as variantes mais elaboradas do jogo.

Por toda a parte se constata que, logo que a liberdade de inventar é permitida aos seres humanos, em particular às crianças, estes se envolvem na criação de coisas novas, diferentes. Foi assim que, logo que o futebol foi inventado, em meados do século XIX, em Inglaterra, foi exportado por volta de 1870 para os Estados Unidos para ser implementado nas universidades americanas. No entanto, logo em 1873/74, os responsáveis destas instituições se lamentavam de não ser possível organizar jogos entre duas universidades porque entretanto as regras haviam sido modificadas segundo o humor e a inspiração local dos jogadores. Este exemplo situa-se num mesmo país, com gente que fala a mesma língua, numa mesma época. No entanto, se considerarmos que os jogos com paus existem há milhares de anos, que atravessaram épocas muito diferentes, que conheceram diversas influências culturais e milhares de línguas diferentes, facilmente podemos compreender que eles têm agora regras diferentes consoante o seu local de prática em relação com o seu habitat. No passado algumas pessoas se interessaram por estes jogos, como foi o caso do polaco Jan Ámos Komenský que, em 1640/41 descreveu os que viu em Inglaterra comparando-os com os que existiam na Polónia. Foi ainda o caso de Joseph Srutt que, em 1801, publicou representações destes jogos nos séculos XIII e XIV em Inglaterra.

A antiguidade desta família de jogo vive uma recuperação política no século XIX, quando os jogos tradicionais foram estandardizados de forma a transformarem-se em práticas mais conformes com o modelo social dominante: o industrial. Eruditos ingleses apoiando-se em pesquisas científicas (sem dúvida sobre o seu império colonial que está bem vivo nos 53 países da Commomwealth) declararam que todos os jogos de paus do mundo que utilizavam um outro pau mais pequeno estavam ligados com os que existiam em Inglaterra tendo estes sido divulgados por todo o Planeta pelos navegadores e pelos colonos ingleses. Esta tese etnocêntrica foi sustentada durante cinquenta anos e alicerçada no achamento por arqueólogos de um “pau” de cricket que dataria de há cerca de 5000 anos. Este facto viria a revelar-se mais tarde um embuste científico. Bem sabemos que são os vencedores que escrevem a História, o que, de algum modo, pode explicar que se continue a ouvir dizer que os jogos britânicos estão na origem de todos os desportos. No entanto, esta afirmação até pode ser verdadeira se apenas se aplicar a disciplinas olímpicas, já que apenas o Judo e o Tae kwon do não são jogos anglo-saxões.

Se atentarmos no cricket, jogo inglês, ele é praticamente desconhecido na Europa mas muito praticado nos países da Commonwealth, o conjunto das antigas colónias da Inglaterra. A hierarquia actual deste jogo põe na vanguarda países como a Austrália, a Índia e o Paquistão. No entanto, o Paquistão, a Índia, o Bangladesh, o Sri Lanka têm uma tradição de jogo tão forte e antiga como a do cricket, o que talvez possa explicar o seu entusiasmo por este jogo por transferência de aprendizagem. Estes países jogam há centenas de anos, ou talvez mais, ao Gulli Dunda. Com efeito, desenhos e referências literárias antigas da Índia permitem-nos pensar que este jogo era já conhecido há quatro ou mesmo cinco mil anos. Outros nomes similares são utilizados em toda a península indiana, como gilli danda, gulli danda, danda gulli, gudu, etc. É um jogo no qual um pequeno pau com as extremidades afiadas é lançado para um terreno com a ajuda de outro pau. O jogo pode jogar-se individualmente, entre equipas ou entre um jogador e uma equipa. O material utilizado é uma danda, o pau com que se bate com cerca de 50-60 centímetros de comprimento por 3-4 de diâmetro, e por um gulli (ou gilli), o pequeno pau que é batido e que mede cerca de 10-15 centímetros de comprimento por 2 de diâmetro. Um pequeno risco de cerca de 8 a 10 centímetros de comprimento por 6 a 8 centímetros de profundidade, designado por khutti ou guchhi, é traçado no chão com a ajuda do pau. Em seguida começa o jogo (ver descrição em Índia, Paquistão).

No entanto, quando jogam cricket, os paquistaneses e os indianos aceitam um certo domínio cultural uma vez que as regras, o material utilizado, o vestuário e mesmo a língua continuam a ser ingleses. Não e demais recordar que o objectivo primordial da criação da Commomwealth era o de passar da fase colonial a uma estrutura económica pós-colonial continuando o favorecimento da influência britânica, nomeadamente recorrendo a um sistema de tutela ao nível da política internacional. Hoje em dia apenas dois jogos desta família têm um verdadeiro cariz nacional e internacional: o Cricket e o Basebol. O primeiro representando o antigo império britânico e o segundo o império americano o que, aliás, nos pode levar a pensar que tal situação não é um acaso. Tentativas de revitalização do jogo do Palant, idêntico ao Basebol, foram levadas a cabo na Polónia, outras na Dinamarca com o Langbold, outras ainda noutros países. Não esqueçamos ainda, a um outro nível as tentativas efectuadas na Suíça com o jogo do Hornuss, e com os jogos do Tsan, do Fiolet e da Rebata no vale de Aoste. Este estudo de um jogo a nível mundial permite entrever um aspecto imprevisto, o do imperialismo e da sua relação com a diversidade cultural. É fácil perceber que, partindo de uma situação em que centenas de jogos se mantinham vivos para uma outra em que apenas dois se mantêm com certo dinamismo, os problemas actuais da bio-diversidade entroncam nos da ludo-diversidade. Poderíamos mesmo extrapolar com a gastro-diversidade para terminar com a a democrato-diversidade, já que o modelo único de democracia não existe. Antes é construído da mesma forma que os jogos, segundo a história, as crenças, a envolvente humana e cultural de cada povo e de cada região do Mundo.

Seria interessante analisar as várias fases de transformação de alguns jogos desta família. Poder-lhes-ia ser dedicado um livro inteiro, tal como um outro sobre a descrição dos “jogos de paus com pequenos paus ou com bolas” no mundo. Para os interessados, existem muitas informações complementares na “Encyclopédie des Sports – plus de 3000 jeux et sports du monde entier”, da qual fiz a tradução francesa em 2005 (Encyclopédie Liponski – Editions Atena et Gründ). Outros trabalhos importantes sobre este tema foram realizados pela inglesa Alice Bertha Gomme na década de 1890, pelo dinamarquês Jorn Moller nos anos de 1990 e pelo polaco Wojciech Liponski no início da década de 2000.

Lista - certamente muito incompleta - dos Jogos por país:

Arábia Saudita : al-ba’ ‘a ;
Arménia : rus-topi ;
Belgica : guisse;
Bulgária : kuli; perkanica; klis ;
China : jeu de batte she; bâtons volants ;
Cambodja : hung ;
Dinamarca: pind; pind med een sten; jep; tolvbold; kibel and nerspel; langbold; slagtrille; sla trilla; gross; fraanholt; rundbold; gribert; bold for en sten; drammert; himmerbold;
Djibuti : kuf ;
Espanha : curra (Aragon) ; a estornela (Galice) ; el mocho (Burgos) ; Etiópia : qancaft ; qancalaft ; quorel;
Finlândia : kuningas pallo; poltopallo;
França : batonnêt ; batonchau ; quinette ; calleù ; la thèque (Normandie) ; ara (Savoie) ; baculo (Aude) ; bisquinet (Aube) ; chir-mir (Aveyron) ; pirouette (Vienne) ; pipette (St Pierre & Miquelon) ; pitoun (Pyrénées); baston (Perigord) ; bate, guise (Picardie) ; pilaouet, pilouette, guillet, tinette, pirli, mouilh, pitaret, (Bretagne) ; tibi, piquarome (Anjou) ; tenet (Creuse) ;
Geórgia : gakvra-bukrti;
Grã-Bretanha: trounce hall; buckstick; lobber; kit-cat; trippit & coit ; tutt ball; knur and spell; northern spell; tribet; trap ball & ball; trippit & rack ; iomairt air a’gheata (Ecosse) ; cat & bat ; cat & dog ; stool-ball (Sussex) ; cat & kitten (Dorset) ; stick & snell (Somerset) ; cat & stick ; dab-and-tricker ; drab and norr ; luking ; stool ball; waggles; cattly & batty ; one-old-cat ;
Grécia: tsoumaka ; urum-top;
Hungria: bige ; metten; long meta;
Índia, Paquistão : gulli dunda ;
Indonésia: tak kadal ;
Irão : alak-dolak; Houloukan (Kurdistan)
Irlanda: cead á imirt;
Itália: fiolet, rebatta, tsan (Aoste); Lipa (Verona) chinè, ciaramel, maza e pivezo ; Lippa, pettias & cariccias (Sardaigne);
Mauritânia: coura ;
Melanésia: kaui kent ;
México: beli ; Moldavie :
Mongólia: tsagaan mod; tsagaan monda; tsagaan temee; gui khee;
Noruega: langboll;
Polónia: pchla; palant; sztekiel; klipa; kiczka; kiczka z matkami; kiczka rzymska; kiczka bez; kiczka prosta; Kiczka z metami; czyż; krypa;
Portugal: bilharda;
Roménia: oină; hoima; hengerlé;
Sérvia: lopta;
Eslovénia: pandolo;
Sri Lanka: gudu;
Suécia: söt och sur; tre slag och ränna; kungsboll;
Suíça: Hornuss;
República Checa: velka baborka;
Tunisia: Tiro; Ettiro;
USA: goalball ; new-york-all ; round ball.

Descrição de alguns jogos
Arábia Saudita – AL-BA’ `A
É um jogo que se pratica sobretudo de dia, mas também à noite, à luz da lua. N a região de Sdir e Najd chama-se miqra’a w bir (o pau e o poço) enquanto na região sul é conhecido por mazqara w bir. O número de jogadores pode ir de dois a onze. O Ba’ `a é um pequeno pau de 10 centímetros de comprimento e de meia polegada de diâmetro. È liso e afiado em ambas as extremidades. Os jogadores necessitam também de um mi’m, um pau com cerca de 70 centímetros de comprimento, 5 de largura e achatado numa das pontas. É ainda necessária uma pequena cavidade com 15 centímetros de comprimento, 5 de largura e 10 de profundidade, cavada no centro de um círculo com 10 metros. O Ba’ `a coloca-se atravessado sobre a cavidade e os jogadores dividem-se por duas equipas. A equipa A toma posição dentro do círculo enquanto a equipa B fica no exterior. Um dos jogadores da equipa A coloca-se em frente do buraco com o pau para bater que coloca sob o pequeno pau que irá ser batido. Quando ele grita Algensau! Os jogadores da equipa B gritam Nad’wa bikom!. É o início do jogo. O batedor bate ligeiramente no pequeno pau para o levantar do solo cerca 1 metro/1,5 metros e depois bate-o fortemente para o lançar para fora do círculo. Se falha e o pequeno pau cai dentro do círculo, ou se a outra equipa o intercepta, a sua equipa perde e então trocam de lugares. Quando o pequeno pau é lançado para fora do círculo, a equipa B tenta apanhá-lo para o enviar rapidamente para o local do batedor, situada junto do buraco. Se conseguem atingir o pau do batedor ou se conseguem que o Ba’ `a caia a menos de um pau de distância a equipa B toma o lugar da equipa A e o jogo continua.
O batedor, para se acercar o mais possível do limite do círculo, pode manter o pequeno pau no ar através de pequenos toques. O décimo primeiro toque é designado por ‘asa el-gadde ( o jantar da avó). Nesta etapa o batedor é acompanhado por um adversário que não pôde atingir o pau do batedor na acção de defesa. Para castigo deve correr do local onde fez a sua última tentativa repetindo as palavras el-qued’d’ quad’d’a. Se conseguir chegar ao buraco antes de o batedor aí colocar o seu pau, está salvo. Se o não conseguir deve cumprir um outro castigo, por exemplo, transportar às costas um jogador e o pau até ao buraco.

Cambodja - HUNG
Participam duas equipas de dois jogadores cada. O pau para bater tem um comprimento equivalente à distância entre o cotovelo e a ponta dos dedos e o pequeno pau que é batido mede a quarta parte. Fase 1: O batedor coloca o pequeno pau a atravessar o buraco e lança-o com um movimento do seu pau colocado por baixo. Se um elemento da equipa que defende apanha o pequeno pau, o batedor é eliminado e substituído pelo seu companheiro de equipa. Se o pequeno pau não é apanhado, um elemento da equipa que defende pode dar-lhe um pontapé apenas para o aproximar da base. Deste local o elemento que deu o pontapé deve tentar atingir, à mão, o pau do batedor que se encontra atravessado sobre o buraco. Se conseguir elimina o batedor que é substituído pelo seu colega ou pela outra equipa. Se falhar, os jogadores mantêm os seus papéis e o jogo continua. Fase 2: O batedor faz saltar o pequeno pau, agora poisado nas costas da mão, com um gesto brusco do antebraço e depois bate-o com o pau que segura nessa mesma mão. Se o pequeno pau é apanhado no seu percurso aéreo por um elemento da equipa adversária, o batedor é eliminado.

China – JOGO DO PAU SHE
È um jogo da minoria chinesa She, da província Ningde. Pratica-se com a ajuda de um pequeno pau de bambu com um chi de comprimento (1 chi equivale a cerca de 30 centímetros) e 1,5 centímetros de diâmetro. É batido a partir de um círculo de cerca de 1,5 metros de diâmetro com um pau de cerca de 2 chi de comprimento. Uma vez lançado, a equipa adversária tenta apanhá-lo no ar. O defesa que o agarrar, utiliza-o para medir a distância desde o local onde o agarrou até ao círculo. Cada comprimento (1 chi =1 comprimento) vale um ponto para a sua equipa. Se a equipa que defende não conseguir apanhar o chi no ar, lança-o para o círculo podendo então o batedor batê-lo logo no ar ou agarrá-lo. Se o agarrar mede a distância, com o seu pau, entre o círculo e o local de onde o chi foi lançado. Se, por outro lado, o bater, a equipa adversária não o pode agarrar medindo o batedor a distância onde o chi vier a cair e marcando para a sua equipa o número de pontos equivalente ao número de comprimentos. Se o batedor, tentando atingir o chi, falhar, é então a equipa que mede a distância e que não só ganha os pontos como passa a ser a equipa batedora.

Dinamarca – LANGBOLD (em dinamarquês lang significa longo e bold bola)
Em algumas variantes não é usado pau para bater, a bola é batida com a mão. No passado utilizavam-se bolas “têxteis” em que o centro era feito com um pouco de cortiça embrulhado em papel ou lona sendo depois tudo atado com um cordel, de forma a resultar uma bola de 6 ou 7 centímetros de diâmetro. A bola tinha oito zonas, bordadas ou pintadas. A bordadura servia, para além do mero aspecto estético, para reforçar a atadura. Uma outra técnica consistia em enrolar a rolha de cortiça com várias camadas de lã ou de fio reutilizado de velhas camisolas. Em seguida a bola era molhada com saliva e coberta de pêlo de vaca. A qualidade artística da bola era um traço característico do jogo. Um caminho comprido ou uma álea de um jardim serviam para o terreno de jogo e as bermas eram os limites naturais. Nas duas pontas do terreno eram marcadas as bases a cerca de 60 passos uma da outra. As bases tinham nomes diferentes, consoante a região. Por volta de 1837, em Arhus, a linha de fundo era conhecida por knaeller (reza-a-Deus), sem dúvida porque o jogador tinha que se ajoelhar sobre ela. O jogo opõe duas equipas que podem ter entre 4 e 20 jogadores. Uma equipa ocupa o “campo interior”, isto é, atrás da linha de bases e a outra o “campo exterior”, ou seja, entre as duas linhas de bases. O jogo começa quando o lançador lança a bola de um local situado cerca de 3 metros atrás da linha de bases, portanto no limite do terreno de jogo. O batedor (defesa) deve repelir a bola com a mão ou com o seu pau para o mais longe possível. É marcado um ponto quando ele consegue correr até à base do adversário e regressar ao seu local antes que a equipa adversária consiga recuperar a bola.

França
GUISE (Picardia)
É um jogo de equipa (um ou dois jogadores / equipa) que utiliza um pau de 80 centímetros para bater e um pequeno pau de cerca de 12-15 centímetros poisado no chão ou sobre dois pequenos paus. É preciso enviar o pequeno pau (o djize) o mais longe possível, quer ele caia no solo quer seja interceptado pela outra equipa. Esta deve reenviá-lo em direcção ao pau do batedor que deve estar pousado sobre a base. Se acerta ganha 10 pontos e os jogadores trocam de equipa. Se erram o alvo, o mesmo jogador que tinha lançado anteriormente, volta a lançar e, desta vez, não é permitido à equipa que defende interceptar o pequeno pau. Marcam-se os pontos equivalentes ao número de comprimentos que são medidos com o pau do batedor entre a base e o local onde cair o pequeno pau.

MOUILH – Bretanha
È um jogo entre dois jogadores. É desenhado um círculo e no seu centro é posto o pequeno pau, o mouilh. O batedor bate-o com o golvazh, um pau da forma do utensílio que se utiliza na feitura das panquecas, para o levantar e bate-o novamente para o lançar o mais longe possível enquanto grita: mouilh! Para que o defensor possa tornar-se batedor é necessário que agarre o mouilh no ar ou que consiga reenviá-lo para o círculo a partir do local onde ele tiver caído. No entanto o batedor tem direito a defender a sua base (o círculo) com o golvazh.

THEQUE (Normandia)
Os jogadores utilizam uma bola e um pau para bater, o thèque. São utilizadas três bases: a principal que é a do batedor, a pequena e a grande. O jogo começa quando o batedor lança a bola ao ar e, depois, com o pau a bate para o mais longe possível. Depois o batedor corre primeiro para a base pequena, depois para a grande. Durante este percurso os defensores podem eliminá-lo se conseguirem recuperar a bola entretanto e lhe acertarem com ela. É marcado um ponto logo que o percurso tenha sido percorrido na totalidade.

Grã-Bretanha
TRAP, BAT AND BALL (Trap= alavanca; bat = pau para bater; ball=bola)
Este foi um jogo muito popular entre os séculos XVI e XIX. A bola é levantada por uma alavanca de madeira parecida com um sapato, no qual é colocada uma peça em madeira semelhante a uma colher virada para o calcanhar na qual se coloca a bola. Em competição encontram-se duas equipas: a do batedor e a dos defensores. O batedor bate na alavanca de modo a fazer saltar a bola e depois deve acertar na bola lançando-a o mais longe possível. Os jogadores adversários devem tentar apanhá-la no ar ou recolhê-la do chão com um “colherão” antes de ela se imobilizar, lançando-a tentando acertar na alavanca. Se conseguirem apanhar a bola no ar, a equipa contrária perde e trocam de papéis. Se, como é descrito atrás, conseguem acertar na alavanca, é só o batedor que é eliminado sendo substituído por um colega de equipa. Este jogo utilizando era característico das cidades e vilas. Por outra parte, no meio rural a bola era lançada à mão em direcção a uma peneira colocada sobre um trampolim. Este estava colocado num ângulo de forma a que, quando a bola era atirada contra a peneira ressaltava para o alto. Sendo, de imediato, batida para o campo adversário por um segundo jogador da mesma equipa. O trampolim era feito com uma tábua de madeira bastante fina e enterrada obliquamente no solo.

LOBBER
Este jogo utilizava antigamente um pequeno pau de 7-8 centímetros. No entanto, hoje é utilizada uma bola dura. Este jogo opunha duas equipas de 3-4 jogadores. São cavados dois buracos no chão, distantes entre eles cerca de vinte passos e que servem de alvo (utilizavam-se também pedras). O lançador, o lobber, lançava o pequeno pau ou a bola para um dos buracos à frente do qual estava um batedor. Este deve atingir ao pequeno pau ou a bola com o seu pau. Se o lobber conseguia atingir o buraco como pau ou com a pedra, o batedor era eliminado e substituído por um colega de equipa.

KIT CAT
É um jogo que opõe duas equipas de 3 ou 4 jogadores e em que um pequeno pau é projectado pata o campo adversário com a ajuda de um pau. No terreno de jogo são cavados três buracos formando um triângulo e distantes entre si cerca de 6 metros. A equipa atacante atira o pequeno pau, o kit-cat, para o terreno adversário correndo depois ao longo do triângulo e metendo o seu pau num dos buracos enquanto contam até 31. Se o não conseguirem fazer antes de a equipa adversária recolher o pequeno pau, o batedor é eliminado e substituído por outro elemento da equipa.

Índia, Paquistão – GULLI DUNDA
O jogo começa colocando-se o pequeno pau, o gulli, atravessado sobre o buraco. Então o batedor deve colocar o seu pau, a dunda, sob ele de forma a lançá-lo o mais longe possível. Os defensores devem então tentar apanhar o gulli no ar ou logo que ele caia no solo. Se o conseguirem o batedor é eliminado e substituído por um colega de equipa. Se o gulli não é capturado a tempo, o batedor põe o seu pau a atravessar o buraco e os defensores tentam, do lugar onde o pequeno pau parou, acertar-lhe ou, em alternativa enfiar o pequeno pau no buraco. Se conseguirem, o batedor perde o seu lugar. Se errarem, o batedor coloca novamente o gulli sobre o buraco mas, desta vez, deve levantá-lo primeiro ligeiramente com um pequeno batimento para depois o bater para o mais longe possível. Este procedimento é repetido até que o batedor perca a sua posição. Cada lançamento não bloqueado dá um ponto à equipa do batedor. Este jogo tem muitas variantes mas, em todas elas, o batedor que errar três vezes ao bater o gulli é eliminado. A forma de contar os pontos e a de medir as distâncias são diferentes de região para região ( o gulli pode ser lançado a 100 metros) Se o gulli lançado pelos defensores não atinge o pau do batedor, colocado sobre o buraco, nem entra no buraco, a equipa atacante ganha annas, isto é, os pontos equivalentes à distância medida por comprimentos do pau do batedor. A equipa atacante pode reclamar para si um certo número de annas consoante a distância a que o pequeno pau ficou após ser batido. A equipa adversária pode aceitar ou não. Se não aceitar, a distância é medida e, se o número de comprimentos medido for inferior ao número dito pela equipa atacante, os pontos são apontados e o jogo continua. Se o número medido for superior, o batedor é eliminado.

Mongólia – TSAGAAN MOD (árvore branca)
Este jogo é também chamado de tsagaan mod khaiakh. Na Mongólia oriental é tsüü khajakh (lançar moedas). Os jogadores são divididos em duas equipas de 9 a 15 elementos. Um dos jogadores lança o pequeno pau na estepe, para lá de uma linha imaginária. Esta linha divide “este mundo” do “outro mundo”, o território da tribo da estepe aberta e desconhecida. Os outros jogadores voltam as costas ao batedor para não verem o local de batimento chamado ninho. Logo que o pequeno pau cai na erva, os jogadores precipitam-se nessa direcção para o procurar. Assim que o encontram tentam trazê-lo para a base, assinalada com um pequeno círculo chamado gal (fogo), para, desta forma, marcarem um ponto. Durante o percurso é possível passar o pequeno pau a um outro jogador como se fosse o testemunho numa prova de relevos (falta aqui informação sobre a forma de uma equipa poder evitar que a outra marque). Tradicionalmente o jogo era praticado durante o período de pastoreio de verão na Mongólia. Este é um período, segundo as crenças religiosas da região, em que a Terra é visitada pela divindade à qual o jogo é dedicado. O jogo é habitualmente praticado antes de um outro chamado tsagaan temee cujo papel era o de evitar o envenenamento do gado por ervas más e de evitar a propagação da varíola nas populações. O jogo era também apercebido como de felicidade, de bem-estar e de fertilidade para a tribo. É constantemente acompanhado de gritos, de risos e de aplausos que a população local explica da seguinte forma: “ Devemos gritar e rir durante o jogo para despertar a Natureza. A Terra regozija-se ao ouvir as suas crianças. E, quando a Terra está satisfeita, dá ao homem todas as suas riquezas.” O jogo ganhou também uma certa popularidade entre as tribos kalmouks (jogo do Tsagaan Monda) e turcas.

Países Bálticos, Polónia – KLIPA (em alemão Klippe, em sueco Klippa que designa uma rocha pontiaguda.
É um jogo muito popular na Polónia, nas regiões orientais da Alemanha e nos Países Bálticos. O jogo começa batendo-se um pau com as extremidades cónicas, muitas vezes uma cavilha para móveis de uns 10 centímetros de comprimento e aguçada em ambas as pontas. Batendo este pequeno pau numa das pontas com um outro pau maior, ele eleva-se no ar e é então batido novamente para o mais longe possível. O batedor dispõe de três tentativas para lançar a klipa e deve depois colocar o seu pau sobre o buraco de onde lança. Se a equipa adversária consegue apanhar a klipa, ganha esse lance e marca 100 pontos. Em seguida um dos seus elementos tenta atingir o pau do batedor com a klipa. Se o consegue o batedor é eliminado. Mesmo que não tenha conseguido apanhar a klipa no ar, a equipa que defende pode, mesmo assim, tentar acertar com ela no pau do batedor. Se o consegue marca pontos. Caso o não consiga, mede-se a distância utilizando o pau do batedor e é a equipa deste que ganha os pontos. Nos nossos dias a palavra klipa é muitas vezes utilizada ironicamente para designar algo sem qualquer importância. Todavia, antigamente o jogo era visto como uma actividade lúdica e socializante de grande importância nas aldeias e nas pequenas vilas e cidades. A sua significação social começa a decair com a introdução da educação física nas escolas, o acesso aos equipamentos desportivos modernos e o desenvolvimento de novas modalidades. Hoje em dia o jogo está praticamente esquecido.

Polónia – PALANT (do italiano palante – jogador de bola – ou palla – bola)
Este jogo tinha dezenas de variantes na Polónia, Palant Bez Wykupna, Palant z Wykupnem, etc… As tradições do Palant remonta à idade Média onde era já conhecido no reinado de Segismundo III Vasa (1587 – 1632). É provável que a palavra “palant” tenha substituído uma designação anterior fruto da grande influência cultural italiana na Polónia, nos reinados de Segismundo I, o Velho, (1506-48) e de Segismundo II Augusto (1548.- 72). O palant tornou-se muito popular no século XIX, quando se uniformizaram as regras para ser introduzido nos currículos escolares. Os primeiros campeonatos polacos foram organizados em 1952 e a Federação Polaca de Bola ao Palant (FPBP) foi fundada em 1957. A FPBP criou de seguida uma secção profissional de palant, o que rapidamente a levou, em 1978, a transformar-se na Federação Polaca de Basebol e de Softball. O palant perdeu então interesse para as autoridades administrativas e desportivas, ao mesmo tempo que enfrentava uma atitude de desprezo por parte da opinião pública que o considerava um desporto menor, apenas um jogo. A propaganda anti-palant foi conduzida de forma irónica visando ridicularizá-lo. O slogan desta campanha era a expressão polaca ”Ty palancie!” que significa imbecil. Apesar da dissolução da respectiva federação no seu país, a tradição do palant perpetuou-se na cidade de Grabów. O jogo pratica-se num terreno dividido em duas partes denominadas “niebo” (céu) e “pieklo” (inferno). Segundo as regras da FPBP o terreno deve medir 60 metros de comprido por 20 de largo. Na variante escolar do jogo, a base de início é um semicírculo de 3 metros de raio, colado à linha. O batedor coloca-se aí e lança primeiro a bola ao ar para depois a bater. O terreno está dividido em dois por uma linha a meio. A linha de fundo está a 10 metros da linha de fundo. A bola, com 6 centímetros de diâmetro, e feita de borracha coberta, primeiro com fio e, depois, com cabedal. Depois de ter batido a bola, o batedor ganha um ponto se conseguir correr até à linha de fundo e regressar à linha a meio do campo sem ser atingido com a bola pelos adversários. Estes tentam apanhar a bola no ar e acertar no batedor para o eliminarem. Cada equipa é constituída por doze jogadores.

(Prússia, Polónia) – SZTEKIEL
Este jogo é conhecido na Polónia e na Alemanha Oriental e, antigamente jogava-se como a klipa. No entanto, depois do desmembramento da Polónia, em 1815, desenvolveu-se de forma diferente nos territórios anexados pela Rússia e naqueles que ficaram sob a alçada da Prússia. O pau tinha de 60 a 70 centímetros de comprimento por cerca de três de diâmetro. Era cavado um buraco no chão, perpendicular ao sentido de lançamento. O sztekiel, um pequeno pau de cerca de 10-15 centímetros de comprimento por cerca de 2 de diâmetro e de pontas aguçadas, era colocado dentro de buraco de forma a que uma das pontas ficasse ligeiramente acima do nível do terreno. O batedor atingia então esta parte para fazer saltar o sztekiel e, depois, batia-o no ar em direcção ao terreno de jogo. A base era um círculo de cerca de 1,5 metros de diâmetro no qual o batedor devia colocar os dois pés. O batedor tinha direito a três ensaios para bater o sztekiel e perdia a vez se falhasse. O objectivo era o de mandar o pau para além das linhas traçadas depôs do círculo, por exemplo a 5, 19, 15 metros. Neste jogo individual, o vencedor marcava um ponto em cada jogada. A vitória final seria para aquele que marcasse o maior número de pontos nas jogadas previamente combinadas, ou que obtivesse primeiro o número de pontos combinados de antemão. O sztekiel era uma actividade para os pobres que não tinham acesso aos equipamentos desportivos. Existiam dezenas de variantes. Começou a desaparecer quando o desporto se popularizou na Polónia, depois de 1945. No final dos anos de 1940 já tinha desaparecido nas cidades, ocorrendo o mesmo no meio rural nos finais da década de 1950.

(Rússia) LAPTA
Este jogo é mencionado em muitas obras literárias russas. Opõe duas equipas de 10-15 jogadores. O terreno mede 70-80 metros de comprimento e 30-40 metros de largura. A bola tem entre 8 a 10 centímetros de diâmetro e o pau (lapta) mede cerca de 70-75 c4ntímetros de comprimento. O jogo inicia-se lançando-se a bola de um dos limites do terreno de jogo. Depois de abola ter sido batida, o batedor, ou outros jogadores da sua equipa correm até ao limite do terreno de jogo e regressam ao ponto de partida. Uma volta ao circuito vale um ponto, se os jogadores da equipa adversária não conseguiram apanhar a bola no ar. A equipa que defende pode também eliminar o adversário quando, estando a bola no solo, conseguir atingi-lo com ela. Nesse caso ganha um ponto e as equipas trocam de campo. O chir e o tchij são variantes deste jogo.

pdfGuy_Jaouen-Os_jogos_de_Paus_com_pequenos_Paus_e_com_Bolas_no_Mundo.pdf

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